Crítica | Ela
Lançamento: 14 de fevereiro de 2014
Gênero: Drama, Romance, Ficção científica
Duração: 2h6min
Elenco: Joaquin Phoenix, Scarlett Johansson, Amy Adams, Rooney Mara...
Sinopse:
Sinopse:
Theodore (Joaquin Phoenix) é um escritor solitário, que acaba de comprar um novo sistema operacional para seu computador. Para a sua surpresa, ele acaba se apaixonando pela voz deste programa informático, dando início a uma relação amorosa entre ambos. Esta história de amor incomum explora a relação entre o homem contemporâneo e a tecnologia.
Por: Ana Luisa Vieira
Uma das mais belas surpresas dessa temporada de filmes premiados, sem dúvidas foi 'Ela'. O roteiro tem um toque de crítica tecnológica, mas sempre cultuando o amor, sem ser piegas em nenhum momento. O mais legal é que o diretor Spike Jonze nos leva a crer desde o início da história, que trata-se da evolução e dependência tecnológica que temos hoje em dia, mas no todo, percebemos que trata-se de um filme sobre relacionamentos.
Joaquim Phoenix no papel de Theodore interpreta o personagem mais nostálgico que eu já o vi em sua carreira. Ele trabalha escrevendo cartas de amor para pessoas que não sabem escrever. Devido a um moderno programa de computador usado por ele, as cartas saem como se tivessem sido escritas à mão e com a letra do próprio remetente, uma forma de mostrar que o homem acaba adequando a tecnologia para tentar buscar uma conexão com alguma coisa do passado. E que de certa forma, sempre estaremos presos a ele, só nos adaptando. Um belo exemplo foi uma moda que surgiu de baixar uma música em mp3 que tenha até o chiado de um LP.
A trama inteira tem esse teor de "amor antigo", tanto na fotografia, figurino, arquitetura retrô e até mesmo nas cores em tons pastéis.
Theodore sofre por ter terminado um namoro recentemente, e é vivendo nessa vida tecnológica e tediosa que ele resolve comprar um software de inteligência artificial, onde há uma simulação de companhia real. Dessa forma, surge Samantha (Voz de Scartlett Johansson), em pouco tempo, os dois passam a agir como se fossem um casal, criando um relacionamento como qualquer outro. Não é difícil de adivinhar que Theodore se apaixona por ela.
Se pararmos para pensar não é tão incomum a situação de Theodore, muitas pessoas já se apaixonaram por pessoas que nem ao menos chegaram a conhecer em carne e osso.
A conotação do filme muda a partir do momento em que Jonze deixa de pautar aspectos tecnológicos, e começa a questionar assuntos em que todos irão se identificar, os assuntos do coração. Dessa forma o filme em nenhum momento fica distante da nossa realidade.
Fazer essa crítica tecnológica de forma sentimental foi a melhor sacada do filme. Além de fugir do óbvio, fazem todos na sala de cinema saírem com diversos questionamentos sobre relacionamento e até mesmo questionamentos com tecnologias futuras.
Joaquim Phoenix e Scarlett Johansson estão simplesmente perfeitos em seus papéis!! Fenix consegue fazer de seu Theodore um sujeito simples, sem grandes aspirações na vida, mas sem parecer um fracassado. Mesmo em uma cena onde o “casal” passeia pelo parque, onde ele atua sozinho, andando alegremente com Samantha no celular, ele parece real, e não um estereótipo de casal feliz. E Scarlet Johansson está perfeita como a voz de Samantha. Apesar de só a ouvirmos, as emoções que ela coloca na personagem, nos faz visualizá-la perfeitamente. As nuances da sua personalidade, conforme vai se “atualizando”, se tornando cada vez mais independente, também conhecendo mais Theodore, e mudando de um mero computador com inteligência, para um ser consciente e de personalidade forte.
Acredito que a cena final é uma das mais bonitas que eu pude ver dentre todos os indicados ao Oscar, o momento em que Theodore consegue, sem aparelhos eletrônicos, atravessar o deserto. Uma pérola da sétima arte que ficará registrada por muito tempo.
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